Viagens ao Interior do Teatro

Viagens ao Interior do Teatro
Auto da Barca do Inferno

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ESPECTÁCULO PEDAGÓGICO PARA OS ALUNOS DO CURSO SECUNDÁRIO

Ficha Técnica

Concepção e Direcção Geral - Alina Vaz

Direcção de Actores e Direcção Técnica - Alberto Villar

Actores

Alberto Villar
Alina Vaz
Francisco Brás
Igor Sampaio
Isabel Damatta
Sérgio Silva
Teresa Côrte-Real

Teatro de São Francisco
Largo da Luz - Benfica
LISBOA

Introdução

A A.C.A.E. (Associação Cultural de Arte e Espectáculo) prossegue este ano com o seu programa pedagógico destinado aos alunos das escolas secundárias.

Esta iniciativa conta com um recorde impressionante de audiências juvenis, mais de 200 mil alunos assistiram aos nossos espectáculos.

Depois de estarmos cerca de 12 anos no Teatro Maria Matos, tivemos de sair por causa das obras do mesmo, mas com a promessa de que voltaríamos, pois apenas davamos um espectáculo por semana e de manhã!
Tal não aconteceu...

Estamos agora no Centro Cultural Franciscano, no Largo da Luz.
No texto a seguir (é só ler), explicamos a mecânica do trabalho que fazemos com os alunos, trabalho de que muito gostamos, e por isso, continuamos.

Alina Vaz

Formar futuros espectadores


Viagens ao Interior do Teatro é, de facto, uma viagem pelos meandros de um espectáculo; ou seja, descrevemos todos os passos que são precisos dar para pôr em cena uma peça de teatro.

Descrevemos como se fazem os cenários, para que serve a luz e o som, mostramos o guarda-roupa com a ajuda dos alunos, e também a caracterização e expressão corporal, tudo isto na... primeira parte, com exemplos ao vivo.

Damos liberdade aos alunos para nos fazerem perguntas.

Um actor estará a pintar em palco uma caravela, que depois será sorteada pelas escolas presentes.

Tentamos explicar como o teatro é um exemplo de arte espantoso, pois pode reunir em si quase todas as outras artes.

Quando dizemos que também pretendemos formar futuros espectadores, é porque logo na apresentação chamamos a atenção dos jovens presentes, como assistir a uma peça, com respeito, pois deve ser sempre um acto de cultura, sem cortar, como é evidente, a alegria e a juventude dos assistentes.

Neste momento as jovens professoras estão a vir até nós, e sempre nos dizem como também estão a aprender, o que nos motiva ainda mais, pois na mesma sala juntamos os professores mais antigos, que sempre apareceram com os alunos, e os novos professores, que se admiram com a frescura e ensinamentos que, descontraídamente e sem ar doutoral, lhes passamos.

Estamos vivos e contra tudo e todos, actuantes, em prol de uma juventude que precisa descobrir esta arte magnifica que é o TEATRO!

Alina Vaz

Opiniões de Alunos

Leonor, uma aluna escreveu:

"Eu nem queria acreditar que era o mesmo Gil Vicente que dei nas aulas, que era difícil e aborrecido. Este foi vivo, real, muito actuante na crítica e muito divertido. Um belo espectáculo."


Uma professora das Caldas da Rainha comenta:

"Este espectáculo, na sua simplicidade, é um pilar fundamental na educação pela arte."


Uma aluna da escola Dona Luísa de Gusmão:

"Gostei muito da primeira parte, percebi tudo.Da peça em si penso que os actores são muito bons pois parecia que cada um tinha a personalidade que lhes foi marcada e definida.Os que mais gostei foram a Brizida Vaz e o PARVO, mas os outros também estavam muito bem."


Drª Ana de Sousa, Directora Pedagógica, comenta:

"A lição de Teatro mais apelativa a que já assisti. Os meus alunos estavam fascinados com o que viam e ouviam! Um Espectáculo que nenhum professor ou agente cultural devia perder!


Rui Fonseca, aluno do 8º ano, diz:

"Afinal o Gil Vicente, lido é uma seca, mas assim, em teatro, até é bué de giro!..."

Alberto Villar

Acerca das Viagens ao Interior do Teatro, só posso dizer como é gratificante o prazer de transmitir à gente nova o fascínio da milenar arte teatral. No final de cada espectáculo repleto de jovens com os seus anseios, a sua irreverência, mas também a sua adesão total e o seu entusiasmo. Como é gostosa a sensação de poder pensar: "Missão cumprida! Viva o Teatro!".

Estreou-se como amador na cidade de Leiria, no Grupo Miguel Joaquim Leitão.
Profissionalmente estreia-se na companhia Rafael de Oliveira com a qual percorreu o país em sucessivas digressões.
A sua carreira, aliás, é fortemente marcada por várias digressões tanto em Portugal, como no estrangeiro, nas distintas companhias a que pertenceu, nomeadamente na de “Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro”, “Metrul” (onde foi também encenador), “Francisco Ribeiro” ou no “Teatro de Todos os Tempos” e na Companhia Independente de Teatro.
Participou em várias peças para rádio e televisão.
Actor do elenco do Teatro Nacional D. Maria II desde a sua reabertura, participou em várias peças designadamente “Auto da geração humana”, “O Judeu”, “Pedro, o cru”, “Auto de Santo António”, “As fúrias”, “Ricardo II”, “Felizmente há luar” , “As alegres comadres de Windsor” ou “Os filhos do sol”.

Neste teatro exerceu ainda as funções de director de cena.
Recentemente foi director de cena da peça “A casa do lago” nas Produções La Feria, no Teatro Politeama.
Como bolseiro do Ministério da Cultura frequentou, em 1982, um curso de encenação e “régie” no Teatro Nacional de Chaillot sob a orientação de Antoine Vittez.

Alina Vaz

«Quando ninguém apostou na possibilidade de os alunos irem ao Teatro de manhã, nós acreditámos. Milhares de alunos sempre, a assistirem, a participarem na magia do Teatro.
Os próprios actores todas as semanas a descobrirem-se na facilidade com que comunicam com os alunos, trezentos de cada vez, e com uma atenção que nos faz sentir gratos.
“Viagens ao Interior do Teatro”, 20 anos de uma viagem pela minha própria vida. Para mim fazer todas as semanas este espectáculo é sempre uma alegria renovada».

Natural do Algarve. Cedo se radica em Lisboa.
Como actriz fez parte do elenco de diversas companhias, nomeadamente, do Teatro do Povo (dirigida por Francisco Ribeiro), Teatro Nacional Dª Maria II (dirigida por Amélia Rey-Colaço), Teatro Alegre de Lisboa (dirigida por Henrique Santana), Teatro Experimental do Porto (sob direcção de António Pedro) e de Cascais (sob a direcção de Carlos Avilez), Companhia Laura Alves, Companhia da Estufa Fria (direcção de Augusto Figueiredo), Teatro Nacional Popular (direcção de Carlos Wallenstein e Norberto Barroca), Companhia Raúl Solnado (dirigida por Paulo Renato), Teatro Repertório (onde assumiu a direcção com Armando Cortez), Teatro Ibérico (sob a direcção de Xosé Blanco Gil), Seiva Trupe e “A Comuna” (direcção de João Mota).

Para além do curso do Conservatório Nacional, frequentou vários cursos de aperfeiçoamento da técnica teatral, nomeadamente com Peter Brooks.

Estreia-se, ainda aluna do Conservatório, na peça “Rei Lear” com encenação de Francisco Ribeiro em 1955.
Como profissional estreia-se em 1959 no Teatro Nacional, na peça “Os Comediantes” com encenação de Robles Monteiro. Daí para cá têm sido inúmeras as peças onde participou, algumas delas que estiveram em cartaz vários meses e até anos, designadamente “A mulher de roupão”, “O gato”, “Criada para todo o serviço”, “A pobre milionária”, “A Preguiça”, “Empresta-me o teu apartamento”, “A flor do cacto”, “A mala de Bernadette” ou “Com jeito vai Virgínia”.

Realizou várias digressões tanto em Portugal como no estrangeiro, destacando-se a sua participação no Festival Cerventino (México), Festival El Paso (México) e no Festival Rainha Sofia (Espanha).
“Georges Dadin” (com encenação de Jacinto Ramos), “Jesus Cristo em Lisboa (encenação de Carlos Wallenstein), “Leonor, maravilhosamente rainha” (encenação de Norberto Barroca), “Agnus dei” (com encenação de Bento Martins), “Barca sem pescador” (encenação de Couto Viana) foram outras das peças em que participou.
Com encenação de Carlos Avilez participou, entre outras peças, em “Auto da Barca do Inferno”, “Auto da Feira”, “Fuenteovejuna”, “A maluquinha de Arroios”, “Ivone, princesa da Borgonha”, e “Ópera dos três vinténs”.

Fez parte do elenco de “Auto da Índia”, “Orquídeas à luz do luar”, “O Fim” e “A Castro”, peças encenadas por Xoxé Blanco Gil.

Estreia-se no cinema em 1958 com o realizador Manuel Guimarães em “A costureirinha da Sé” e nesse mesmo ano participa em “O homem do dia” de Henrique Campos. Fez parte do elenco de várias outras películas, nomeadamente, “As pupilas do senhor reitor” de Perdigão Queiroga, “O ladrão de quem se fala” de Henrique Campos e, deste mesmo realizador, “A maluquinha de Arroios”. Participou também nas películas “Sol e toiros “ de Augusto Fraga”, “Uma vida normal” de Joaquim Leitão e “A recompensa” de Artur Duarte. Tem ainda assinalável participação em várias filmografias estrangeiras.
Para além de fazer parte do elenco de muitas peças para televisão, tem participado em várias séries e telenovelas, nomeadamente “Chuva na areia”, “Enquanto os dias passam”, “Milongo”, “Senhora das Águas”, “Passerelle”, “Ajuste de contas”, “Olhos de água”, “Amanhecer” ou “Malucos do riso”.
Tem sido constante o seu trabalho na rádio quer como intérprete de peças e folhetins quer como adaptadora de vários romances e contos para peças radiofónicas.

Francisco Brás

«Como actor, participar nas “Viagens ao interior do Teatro”, é um percurso que já faz parte do meu trajecto. Não entendo a minha profissão sem a componente didáctica que lhe está subjacente. Fazer do Teatro um veículo de dinamização e fascínio para os jovens públicos, é sem dúvida a melhor dádiva que poderemos receber apesar do esforço e da dificuldade que tem sido afirmar este projecto como um marco importante na formação de futuros espectadores. Eu estou desde a primeira hora».

Terminou o curso de formação de actores do Conservatório Nacional, estreando-se em 1977 no Teatro Micaelense com a peça “O Encoberto” com encenação de Carlos Avilez.

Frequentou, entre outros, o curso de especialização em Estudos de Teatro (Faculdade de Letras), de aperfeiçoamento vocal e musicoterapia pela professora Anne Lowe, para além de vários “workshops”.

Um dos fundadores da Cooperativa Portuguesa de Teatro/Reportório integra o elenco de todas as suas produções, trabalhando com vários encenadores nomeadamente, Armando Cortez, Maria Helena Matos, Varela Silva, Carlos Avilez, Angel Ruggiero, José Osuna, bem como com os coreógrafos Isabel Santa Rosa, José Luiz Ardiz e Carlos Trincheiras.

Em 1986 funda o grupo Crinabel-Teatro que tem vindo a desenvolver um trabalho regular tendo já levado a cena vários autores tanto nacionais como estrangeiros, nomeadamente Gil Vicente. Participa regularmente em vários projectos teatrais quer como actor quer como assistente de encenação. Tem participado igualmente em vários filmes, séries televisivas e projectos radiofónicos.

Entre as várias peças em que participou refira-se “Filomena Marturano” com encenação de José Osuna. De Eduardo Filippo ainda participou nas peças “Nápoles milionária” e “A arte da comédia” que inaugura a sala nova do Teatro Avenida em Coimbra.

Refira-se ainda a sua participação nas peças “Aqui há fantasmas”, “Annie”, “Auto da Índia”, “Castro” e “O velho da horta”. Tem igualmente participado em vários projectos radiofónicos e de televisão. No cinema integrou o elenco das películas “Francisca” (de Manoel de Oliveira), “Prelúdio e fuga” (de Jorge Costa), “Requiem” (de Alain Tanner), “Monsanto” (de Ruy Guerra) e “Camarate” (de Luís Filipe Rocha).

Igor Sampaio

Começou no teatro infantil, passou pela revista à portuguesa e fez parte do elenco do Teatro Nacional D. Maria II.

Igor Sampaio tem sido também um actor assíduo dos ecrãs televisivos.

Fez parte do seriado “Bora lá Marina” e de várias telenovelas, nomeadamente “Nunca digas adeus”.

Isabel Damatta

Actriz por intuição. Estreou-se no teatro com oito anos. A telenovela Origens deixou-lhe o bichinho da televisão. Foi Inês de Castro no cinema.

TELEVISÃO: "Camilo o Pendura", "Solteiros", "Era uma Vez...", "As Lições do Tonecas", "Camilo &... Filhas", "Histórias da Vida", "Cos(z)ido à Portuguesa", "Ricardina e Marta", "Mistério, Misterioso!", "Cacilheiro do Amor", "Luísa e os Outros", "Par ou Ímpar", "Ora Viva", "Chuva na Areia", "Origens".

TEATRO: "Mestre Gil" (vários autos de Gil Vicente com encenação de João Ricardo), "Episódios da Vida Romântica" ("Os Maias" com enc. de Norberto Barroca), "Ficava Tão Bem Naquele Canto da Sala"(texto de C. Alberto Machado e enc. João Ricardo), "Cheira a Revista" (tournée à Austrália), "Abril em Portugal" (tournée a Macau), "Camilo & Filhas...", "Eu e Elas com... Humor!", "Ri-te, Ri-te!", "Ora Bate, Batman'so!", Pijama para Seis", entre outros.

CINEMA: "A Vida Presa Por Um Fio" (Filme alemão sobre D. Pedro e D. Inês onde fiz a personagem de Inês de Castro).

ENCENAÇAO E DIRECCÇÃO: "Dia de Festa" (Opereta levada à cena no Cine-Teatro de Alenquer, p'lo grupo de Teatro Amador de Alenquer) "Alenquer Ponto por Ponto" (Revista, pelo mesmo grupo)

APRESENTAÇÃO E LOCUÇÃO: LOCUTORA de RÁDIO(Locutora de continuidade durante dois anos numa estação de rádio privada)
APRESENTADORA PORTUGUESA do Show Internacional da Opel realizado na Sicília.
PIVOT DE TELEJORNAL (RTP/USA)

E AINDA: CO-AUTORA E GUIONISTA, de alguns programas de televisão e textos para vários espectáculos.

Sérgio Silva

«Viagens ao Interior do Teatro”. Projecto no qual me orgulho em participar, que mostra ao jovem estudante do secundário a génese do espectáculo teatral e que transforma alguma literatura teatral escolar em Teatro, permitindo assim uma maior compreensão do texto escolar».

Terminou em 1987 o curso de formação de actores da Escola Superior de Teatro e Cinema. Frequentou vários cursos de aperfeiçoamento e estágios de formação teatral.
Estreia-se como amador em 1981 no Grupo Tentativa do Centro Cultura Popular de Sintra.
Como actor profissional estreou-se em 1985 na Associação Cultural de Marionetas de Lisboa no Centro de Arte Moderna Madalena Perdigão (ACARTE) com a peça “D. Quixote e Sancho Pança” de António José da Silva. Tem participado em diversas peças e também na rádio e televisão. Em 1986 participa na ópera “Três Máscaras” de José Régio no Teatro Nacional de São Carlos.

Entre as várias peças que participou em “D. João” com encenação de Jean Marie Villigier no Teatro D. Maria II, “Hamelet” no ACARTE, “O balcão” no Teatro Experimental de Cascais, onde participa também nas peças “Opereta”, “D. João no jardim das delícias”, “Lisistrata”, “Auto das regateiras”, “Rei Lear”, “A lua desconhecida”, “O pecado de João agonia”, “La nona”, “Os biombos”, “Breve sumário da história de Deus”, “Portugal anos 40”, “O dia da sonhadora”, “Dama das camélias” ou “D. Quixote”.
Em televisão tem participado em diferentes séries, nomeadamente “Por mares nunca dantes navegados”, “Duarte & Cia” ou “O Diário de Maria” para além de várias peças designadamente “Erros meus, má fortuna, amor ardente”. “MacBeth”, “A dama do mar” ou “Ivanov”.

Na rádio colabora desde 1986 quando se estreia com a peça “Madame Sans-Gène”.
Em 1990 participa no filme “Até ao fim da noite” de Joaquim Leitão.

Teresa Côrte-Real

“Viagens ao Interior do Teatro” é um projecto no qual eu acredito que me é muito necessário enquanto actriz e professora. É sempre gratificante saber saber que a maior parte dos alunos, hoje em cursos de Teatro ou de expressão dramática, passaram pelo nosso espectáculo. Continuarei esta viagem enquanto ela existir!

Natural do Porto. Terminou o curso de Teatro no Conservatório Nacional e estreiou-se em 1971 na peça “Pinóquio” com encenação de António Cabo no Teatro Monumental.

Ao longo da sua carreira participou já em dezenas de peças, filmes, telenovelas e noutros programas, assim como em filmes e em peças radiofónicas.

Entre as várias peças em que participou refira-se: “O Morgado de Fafe” com encenação de Ruy Matos no Teatro Nacional Dª Maria II, no mesmo teatro e com o mesmo encenador participa em “As Sabichonas”. Ainda no Nacional, mas com encenação de Blanco Gil participa em “Romance de Lobos”. Com encenação de Blanco Gil participa nas peças “Castro” e “Lendas de amor e morte”.
Com encenação de Carlos Avilez, para o Teatro Experimental de Cascais, participou em várias peças, designadamente “Lua desconhecida”, “O pecado João Agonia”, “Os Biombos”, “O breve sumário da História de Deus”, “Inventários”, “Portugal anos 40” ou “Os porquinhos da Índia”.
Com encenação de Guilherme Filipe participa na peça “O barbeiro de Sevilha” no Instituto Franco-Português.
“Auto da Índia”, “Tio Maravilhas” e “Está lá fora o inspector” são outras peças onde participou, desta feita com encenação de Alberto Vilar.

Na televisão participou nas telenovelas, “Cinzas” ou “Verão quente”, para além de várias séries como “O médico de família” , “Cobardias”, ou curtas-metragens.

Em cinema trabalhou para realizadores como Franco Zeffirelli no filme “O jovem Toscanini” ou Manoel de Oliveira na película “Os canibais”.

Sob a direcção de Curado Ribeiro participou na peça radiofónica “A morgadinha dos canaviais”. Sob a direcção de Varela Silva participou em várias peças para a RDP.
Na área do café-concerto é co-autora com Paula Cruz e João Baião de “No sofá-cama com...”. Com Rui de Sá e Sérgio Silva cria o espectáculo de café-teatro “A título de curiosidade” de Francisco Efe.

Gil Vicente


O mais importante dramaturgo português na medida em que é apontado pelos historiadores como o “fundador do teatro português”. Os seus dados biográficos não são ainda precisos . Desconhece-se a data certa do seu nascimento e até, como terá chegado à Corte de D. Manuel. Sabe-se que foi ourives do Reino, mestre de balança da Casa da Moeda, sendo-lhe atribuída a autoria da famosa Custódia de Belém. Em 1502, por ocasião do nascimento do Príncipe D. João, filho de D. Manuel I, representa para a Rainha D. Leonor, em 1502, o Auto da Visitação ( ou Monólogo do Vaqueiro). Este monólogo é considerado a primeira peça do Teatro Português. Início de uma carreira fecunda de comediógrafo regular e brilhante.

A sua obra representa o encontro da herança medieval, sobretudo nos géneros e na medida poética (utiliza sistematicamente a métrica popular em autos e farsas), com o espírito renascentista de exercício crítico e de denúncia das irregularidades institucionais e dos vícios da sociedade.Entre as suas inúmeras obras contam-se: o Auto da Índia (1509) farsa que critica o abandono a que o embarque eufórico e sistemático dos portugueses para o Oriente, em cata de riquezas, vota a pátria e as situações familiares; os Autos das Barcas - Barca do Inferno (1517), Barca do Purgatório (1518), Barca da Glória, 1519) -, peças de moralidade, que constituem uma alegoria dos vícios humanos. Escreveu ainda o Auto da Alma (1518), auto sacramental que encena a transitoridade do homem na vida terrena e os seus conflitos entre o bem e o mal; Quem Tem Farelos? (1515), Mofina Mendes (1515) e a farsa de Inês Pereira (1523) que traçam quadros populares de intensidade moral, simbólica ou quotidiana, em urdiduras de cómico irresistível e de alcance satírico agudo e contundente.

Muito rica a galeria de tipos em Gil Vicente, e variada a gama da sua múltipla expressão, desde a poetização do mais comum, até à religiosidade refinada e aos conteúdos abstractos e ideológicos que defende ou satiriza.

Como afirmou o historiador da Literatura Portuguesa, António José Saraiva, "A personalidade literária de Gil Vicente, que só tem sido abordada pelo aspecto mais exterior, mais visual e mais formal, oferece todavia, se a analisarmos em profundidade, um alto significado como espelho de uma época contraditória, em que se cruzam caminhos e donde se não avista já (ou ainda) o contorno do futuro. Debatem-se na obra vicentina as audácias revisionistas do Renascimento, e um conservantismo, um tradicionalismo por vezes estreitamente regional; uma inspiração popular e uma ideologia oficial, cavalheiresca e imperialista; uma arte litúrgica, ascética, e um impulso naturalista irreprimível; uma mentalidade de largos horizontes humanos e uma tradição feudal e agrária; um sentimento de tolerância compreensiva e um proselitismo fanático. É uma contradição incessante que o autor não chegou a superar. Seleccionando os textos seria possível apresentar um Gil Vicente tradicionalista, cavalheiresco, proselítico, inteiramente integrado no feudalismo e na tradição católica medieval, dando à vida um sentido ascético; ou, pelo contrário, um Gil Vicente irreverente, demolidor do espírito cavalheiresco, reformista em religião, animado de um naturalismo rabelaisiano, precursor de Cervantes, irmão de Erasmo. Ambas as imagens são falsas, se as isolarmos, e verdadeiras, se as considerarmos como os dois termos de uma contradição."